OFICINA DAS MAÇANETAS, ALUCINAÇÕES E VISÕES

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terça-feira, 30 de novembro de 2010

UM RITO DE PASSAGEM NUM DOS MUNDOS INVISÍVEIS


Lilith deu-me cinco
De suas mil faces,
E lançou-as
Como cinco faróis
Na densidade revolta
Do enegrecido mar,
Enquanto eu observo
Com olhos atentos
E contrários a si
Num mesmo tempo,
Esperando pelo obscuro,
Pelo desconhecido.
Quando começa resoluta
Uma serpente a se erguer,
E mover-se erótica
E lentamente a mim,
Me fazendo permanecer
Invalido, esperando
Pelo medonho.
Aproximou-se e sibilou
Algo como uma nênia
Espectral. E enroscou sua pele
Fria e escorregadia em mim,
E forcejou, comprimiu, espremeu
Até ver um pouco de
Minha substância escarlate.
E eu vi que ela era a “grande cobra”,
E a “serpente do mundo”, e todas elas...
E sua forma abraçava toda criação,
E eu pude ver o fim de suas
Dimensões descansando nos galhos
De uma arvore, atrás de mim.
E por fim ela mordeu-me, e,
Com voz profética e homérica,
Anunciou que havia me escolhido para a morte,
Mas também para ressurgir com ela.
E caiu uma leve surdez
Na púrpura inércia que nos abarcava,
E tudo perdeu a circulação.
Quando então, vi uma sombra esgueirar-se,
Para perto da imaculada abstração.
Era um lobo, e me trouxera narcisos.
E falou sobre os quatro elementos,
E disse que eu pertencia ao norte.
Disse que devo andar lado a lado com o sul.
E que por todo oeste tenho que vagar.
E que para que eu chegue ao meu destino
O leste é o lugar para recomeçá-lo.
E disse também que a floresta
De salgueiros, assim como todos,
Sempre estarão sendo observados
Por aqueles que governam e confortam-se
Nas estrelas do amanhecer e do anoitecer.
E tudo contemplava-se em poder.
Tudo sustentava-se numa energia
Que se apoderava de mim.
E enquanto eu passava por aquela metamorfose
Percebia que era um logos completo em si,
E em ininterrupta construção e reconstrução,
E mais e mais quimeras apareciam,
Mas eram capazes de estimular
As vias sensíveis, através da música...
E as criaturas e ex-criaturas brincavam,
Gritando por aquele momento de insensatez e de alegria.
E nós dançávamos, e dançávamos, e dançávamos...
E os instantes acabavam em dias,
Viviam-se como séculos, como séculos!








Autor: BACO.
Redigido, editado e psicografado por:
Max Honorato, o maldito.

 

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