OFICINA DAS MAÇANETAS, ALUCINAÇÕES E VISÕES

OFICINA DAS MAÇANETAS, ALUCINAÇÕES E VISÕES

sexta-feira, 27 de maio de 2011

ESTRELA

Codinomes simbióticos, lúcidos
Alucinógenos, códigos pernósticos,
Em viçoso chão-mágico, afrodisíaco,
Embebedam em ósculos,
Pelo inferno-celestial, o místico.
Monstruosos serafins,
Diabólicas auréolas,
Aprisionavam, sem perspectiva,
A gruta de sonhos tribais, excitada,
Inflamada de convulsões alcoolizadas,
Acumuladas da velocidade da
Intuição! A morada do místico.

Vaga um pretexto no ar, enxurrado pelo vento!
E sem firmeza nas pernas, arrastando ao sombrio,
Pela fé, negado seu direito, só com orações,
Em constantes suicídios, além do desconhecido,
Se larga ao desabrigo Um
Trágico! Claro... Claro! Sua estrela...
A sua estrela é sem fim! Sem fim! Sem fim!

domingo, 8 de maio de 2011

INSTINTO IMORTAL

Eu serei de novo o que será.
                       Minhas vestes coloridas sem cor,
                       Dúbias de raríssimo jeito e valor―
Corpos que se entrelaçam num
Êxtase estático-fluido,
                                                 Anjinhos, crianças que nunca
Nasceram.

Precisarão de me desfazer
A cada dia de poesia,       
                                                 Pra perceber o que eu não sou,
Leve ou pesado,
A âncora ou rabo. O movimento parado ?
                                                                       [?]
Alérgico a fotografias eternas
Imune a formas que envelhecem perpétuas.
― Sempre, sempre a mesma cousa outra,
                                                                  Uma roda viva, águas de estações
Criativas, negro mar que cega o olhar.
Sempre, sempre, aos olhos eternos, uma vaga lembrança.
Que me matem mil vezes
A cada suicídio meu!

terça-feira, 3 de maio de 2011

POÇO

                                                              Lá, em meu paraíso infernal... Logo além dos túneis, dos casebres de verdes motivos,
                            As chamas trucidam a lógica militar, fardada de obrigações, imposições
Cheias de impostos e seqüestros!
                            Difícil é descobrir as cercas dos elementos, sapientíssima loucura! Belo e feio? Imensos buracos de flores enfeitados, bueiros aromáticos, jardins de doces tormentos, e bosques sedentos de ardiloso bem-querer. Ah! Quem me dera
                                                                                                    Trazer a tona todos os solecismos geniais, incorporados de uma demência ancestral,
                             Insólitos como a pedra que chora nos recantos musicais do Grand Cayon. Mas... Percebo que no tédio das medidas voadas, certos esconderijos, não se realçam na percepção solar de minha busca,
                              Ao fundo, ao fundo do profundo, no ruído de lâmpadas quebradas,
Sem a ânsia, a angustia que tem ciúmes do mundo O conceito maior, o pictograma imperscrutável.
                                                              Lá, em meu paraíso infernal!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

QUANDO NÃO HÁ BELEZA NA LUA

Miolo de palha seca
Arrastado pelos ventos
Que vagueiam ruindo
Pelas arestas urbanas,
Das ruas, que se fazem ermas
Em sua solitude vaidosa,
Enroscadas em vestígios
De saliente oração medonha
Suplicando por tragédia No
Sussuro das formas
Cria-se uma sinfonia dramática
Onde a pá do coveiro dita o ritmo
Pela calada da noite soturna,
Onde o lacaio do cemitério à espreita,
Ansioso, junto aos corvos,
Aguarda para saciar
Sua sede e a de seu mestre.
Resta-nos esperar pelo sol.



RETRATOS ESPALHADOS

Do outro me veio um verso,
De estranho conhecido que eu merso,
É revelado texto fugido meu, possesso,
Um tímido e recatado pluriverso,
Minha incorpórea sexualização d'outro universo,
Agora em mim tem seu gesto anexo.

O desleixo que se trai n'outro olhar
Estará configurando outro perfil meu ?
Meu suicídio, que depois quero matar,
Deseja desnudar o frontispício escuro teu,
Que me sorve... Abusa de me revelar
Ainda mais do que eu.