INSIGHT A. [DA CONDIÇÃO]
Chafurdo, desde não me lembro quando,
Num canal outro da compreensão. ─ Inexistência psíquica ?
Desci
Desci
Desci
Desci escadas abismais d’uma percepção outra.
Vejo toda realidade derreter-se
A luz de minhas janelas sensitivas.
O copo, a cadeira, a jarra d’água,
‘Trocaram as funções entre si.
Não descanso... Não sei mais o que é atirar pedras no lago,
Mas os símbolos, sonhos, afetações, são em excesso
E clareza tal que não me surpreendo sem eles ─
Não posso mais sentir a cisão do consciente com o inconsciente!
INSIGHT B. [VERDADEIRO INSIGHT A.]
... Passando
Por horas passando
Perplexo passo
Pensando
A cada passo
No cubículo ultrapasso
O compasso,
Em círculos, no seguinte desenlaço,
Verdadeiro insight A. dentro do quarto...
“O filme: um rio corre, corre, corre e se socorre no mar... depois, folhas que fumam ‘nosso’ sonho americano, E.U.A, caem nos braços da terra da cova de Vilmar Berna que é o mesma de João Romão... uma criança que personifica a morte no nascimento... “
......................................pen.....sa.......mento........ff....f........or...ma...ndo...........................
Daí que tal coisa é
Tal
Que por ser tal
Chamada de coisa é.
Tal coisa é
Tal
Que sendo tal
Sou coisa
Tal,
Tal qual,
qual tal,
Coisa é
Sendo coisa tal.
INSIGHT C. [PERCEPÇÃO DO AMBIENTE]
Os curandeiros de branco, com seus ouvidos decepados,
Me dão o café químico de sempre ─Penso, enquanto observam minha mímica,
Que esquisitos mais que eu eles são, ─”São”... uma
Palavra de gosto amargo aqui dentro─ Mas isso não importa.
INSIGHT D. [O FEITOÇO ANCESTRAL]
Tomo ou fui tomado pela figura do médium.
Lembro de Rimbaud e uma gargalhada maldita
Me assalta e escandaliza a voz─ Voz... Ou melhor
Vozes! Vozes! Vozes! Vozes!...
[Vozes no eco que retumba do vácuo atemporal]
Sim, visitam-me elas até sem forma─ Forma...
[Sempre melhor no plural]
─ A todo momento me vêem, me descobrem as cobertas, me tiram as roupas
─ Medo tenho.─ Elas podem me matar!
INSIGHT E. [DAS FORMAS A.]
De noite, sempre de noite─ Será que prevalece ainda essa
Distinção ?
Uma menina loirinha, abraçada de chuva, me berra
Enquanto um curandeiro de brando a molesta.
Atravesso seus corpos sem dificuldade e sem resíduos no
Regresso de minhas mãos─ E ela berra,
Esperneia, esmurra em vão e só me esquece
Quando chega o café químico.
INSIGHT F. [PERCEPÇÃO DA CONTRADIÇÃO EXISTENCIAL]
Desconexoturvodiabólicomundo
Que, em meu febril estado psíquico e
Fisiológico, ─ Dilatadas as vias─ vigora
Em toda minha amplitude complexa.
─ De fato é uma transmutação extraordinária !
Não sou apenas maquillage
ET d’arte dramatique, não como um travesti, não!
Sofri, concerteza, até que médium ficasse,
A violação do D.N.A num tiro do tempo.
Morri e me voltei Deus, diabo;
Voltei-me cólera, suicídio e ressurreição perpétuos;
Volte-me eterno, poeta! Voltei-me nada
E por isso tudo!
INSIGHT G. [DA LIBERDADE NAS ALGEMAS]
As chaves daqui─ Que na verdade de meu corpo são! ─
Não são de minha jurisdição,
Somente dos curandeiros de branco.
Eles acham que as coisas são ou devem ser
Separadas e locadas numa vitrine─ Não percebem a
Beleza nas coisas insensatas
E a insensatez nas coisas belas─ Estão mortos
E sem salvação!
INSIGHT H. [GENELOGIA DA MUTAÇÃO A.]
Talvez esteja se perguntando o que disparou este
Tiro do tempo─ Eu também e finalmente me recordo─
E me fez vir parar em ingrato retiro.
Eu me embriagava e lia alguma coisa, ─ Não me force a tanto─,
Num susto vi meu cérebro
Dês-mem-brar-se no chão!
Fui a uma recém nascida estrada, [já morto], sem carros
E identifiquei este cancro primata.
Meti-me numa mata, vi na clareira o fogo...
Veio a serpente erótica─ Paralitico revidei─ e ela me escalou
Escorregando pelo meu corpo. O sibilo de amor-ódio
E também a sentença “Eris sine morte reliqui
te aeternam tristis”, junto com a mordida ambígua,
Que experimentar me fez sua substância andrógena, maldita,
A mata que incendiava, o beijo!─ Eu nasci.
INSIGHT I. [COVA DO MUNDO EU A]
Agora eu olho para um espelho,
Olho para o mesmo homem que eu.
E tiro disto a equação do mundo, ─ Um
Mais um é igual a dois que é igual ao infinito─
O nome desta foto esse seria,
Pois um homem que olha outro [o outro!] no espelho,
Observa a observação da observação que se eterniza
Em si─ A duplicata do eu se duplicando!
─ Depois disto reforçaram meu café químico.
INSIGHT J. [DAS FORMAS B.]
Enquanto vislumbro o nó d’uma corda
Transcendente, com um gosto, ─ imagino─, de nunca mais,
Percebo no poeta que ali se tem pendurado
Um sorriso de canto e que se lê um “finalmente”.
Esta forma insistente apareceu pra mim,
Como se me questionasse,
Enquanto o poeta, como um pêndulo,
Dava sinistro sinal de vida.
Mais um espelho veio a minhas janelas.
─Reflexão outra da reflexão fiz.
Havia paz tanta depois do desespero derradeiro.
Como eu, ele sentiu o fado da cela
Fisiológica e moral─ passo a passo,
Até a visão definida do suicídio, só
Que mais vivo e mais morto voltei-me depois do meu.
Meu desespero nasceu,
O dele morreu.
(Continua...)