OFICINA DAS MAÇANETAS, ALUCINAÇÕES E VISÕES

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quarta-feira, 28 de março de 2012

INEXISTENCIALISMO URBANO

De pensar não morro. De tanto morrer é que penso.
Outro dia de morte. ─ Me fuzila o despertador.

É hora chegada. Ônibus. Entro. Pago. Parto.
A luz queima solta por sobre as engrenagens urbanas,
Por sobre os cadáveres ocupados e apressados,
Sem lua, que com meu desejo dorme,
Enquanto cansado
Sigo contrariado,
Deveras contrariado

Que nem lá nem cá vivo─ O contra-senso do produto social ambulante.
Voam ociosas aves, entre o céu e o mar, no oco idílico, redundantes,
Não me sabem, as meninas que desvirginam de cor a pele, que na luz arde,
Não me sabem, o vento que alivia a paisagem, a luz que solta arde,
Não me sabem.
Não me sabem os multe celulares, as nuvens de satélites,
Redes emaranhadas de fios e sem fios, e-mails, operadores urbanos,
Engrenagens, nem as engrenagens me sabem.

Existo extinto, apenas no parafuso da morte cívica.

Vaga em mim, cheio, o oco do mundo, vão do eu universo.
Coluna, alicerce desse desejo Oasis, miragem do mundo questão,
Empalhador sensitivo e loquaz, que se agiganta em nossa pequenez.

Oh... Mundo questão, mundo idéia, mundo erro,
Será que alguém me deixou um e-mail?

.......................Será que alguém me deixou um e-mail ? .............. Será...
Será que ninguém me deixou ao menos um e-mail ? ...............
...............................................................

[Ecoa na imensidão do eu a indagação que circunda em cada solitário
Componente da grande rede urbana, surda, cega, muda e ausente de troca,
No grande espaço de sensação atemporal, grave, e faminto de almas,
enquanto a pergunta se inter-dimensiona, se extrapola preenchendo o
silencio que a acompanha, só.]

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