OFICINA DAS MAÇANETAS, ALUCINAÇÕES E VISÕES

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quarta-feira, 30 de maio de 2012


Todo movimento à consciência ou à inconsciência, todo gesto para a lucidez ou para o torpor, gera necessáriamente o protozoário do suicídio. O devir, única expressão justa que conheço sobre o sentido da vida, que carrega o movimento e seu contraponto, é um continuo diálogo simbiótico e ainda o motivo do caos. A luz e a sombra são comparsas de mesmo interesse. Sendo assim, o impulso suicida também, no seu ato, busca o mesmo que o instinto de preservação, não pretendendo, porém, a estética do absoluto, o atemporal e todo seu peso e sua natureza estéril. É a vida que nos intima, através do suicídio, a celebrar a tragédia, que a todo instante ocorre, a cada coisa que se evapora e vai encontrar outra forma de ser.

[Cá commeus botões]

sexta-feira, 18 de maio de 2012

CANÇÃO DO ESPÍRITO


Ó, Alma Augusta, não esmoreça diante do chão que se abre,
Ao cair de tuas ilusões de cetim.

O fauno dos primeiros folclores
Ainda embebeda-se e canta no jardim.

As formas do tempo decompositoras te enegrecem
 Os loiros cabelos da infância.

Os cabelos negros, enegrecendo-se mais, a cada crepúsculo
Dos teus deuses decadentes.

Mas a embriaguez, mesmo escassa, de agora,
Os sinos rompendo, bem de longe, em valsas,

São fantasmas da pureza de outrora,
Dão-te de Ícaro suas azas.

Então não te esmoreça estrela augusta,
Que o teu limbo ainda te espera num monte não muito alto.

AMOR MEU, MEU AMOR


Por Deus, amor meu,
Venha buscar-me pro outro lado,
Como tu ─A Deus!─ prometeu.

Por Deus, amor meu,
Que o peito meu, desesperado, esta selado,
Aguardando ─ Por Deus!─ o amor teu.

Por Deus, amor meu,
Há imenso pedaço de vão enclausurado,
Rezando ─ Á Deus!─ pelo amor teu.

Por Deus ou pelo Diabo, amor meu,
Venha tirar-me logo de baixo deste fardo
Que é existir ─ Obra de Deus ou Diabo!─ sem o amor teu.