OFICINA DAS MAÇANETAS, ALUCINAÇÕES E VISÕES

OFICINA DAS MAÇANETAS, ALUCINAÇÕES E VISÕES

sexta-feira, 29 de abril de 2011

PRINCIPIO NOSTÁLGICO

O olhar tão triste
E calado, entretido no vago,
Sozinho, percebe vexado,
A decepção, num querido,
Mal-olhado, e,
O trejeito culpado que
Se despede crispado
E acanhado, se encerra,
Do monólogo.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

TÉDIO

Enclausurado por obrigações
De uma condição estereotipada,
E nas fendas do tempo
Só me resta o cansaço.

No ostracismo
De uma empobrecida guisa.
A claustrofobia
De uma apologia antinatural.

Aborrecendo estou.
Lenta fadiga
Me elucida os fantasmas
De outrora  Sem ninguém
Pra rasgar leve balela
E exilar os exílios,
Afogar os peixes
Das palavras cuspidas ao vento
me mato em silêncio.

CÁ COM MEUS BOTÕES

“A verdadeira poesia respira... Exige música!  O resto é utopia artística!”

“Nietzsche escrevia de pau-duro!”

“Na Lapa, cidade quase abstrata, poesia e música desferem violentos murros  Brindemos à minha desgraça geográfica.”

“Na busca pelo ideal até os analfabetos tem um bocado de Platão.”

“Sempre sonhei com o poeta, num aspecto social, como uma lei natural percebida por todos, tornar-se um principio cotidiano, uma figura de esquina.”

“A poesia não é fumaça nem fogo, pelo menos não em definitivo.  A poesia é uma ‘cousa outra’.”

“Uma banda como White Stripes, só o essencial. Uma outra como Radiohead, uma materialização do surreal  Extremos da arte!”

“Uma idéia genial é uma foda do material com o imaterial, resultante da combinação entre o conhecido e o desconhecido, uma travessia à 'porta'. O que existe e o que existirá.”

“Como é bom quando as coisas são negras e belas. Também é bom quando nada se entende, e, mesmo assim, há gosto na experiência.”

“Num bar qualquer de esquina. Múltiplos perfis sociais bebem, mas só alguns se escondem, enquanto outros se entornam.

             Ei, chi... Eles podem te ouvir!
             Foda-se..., porra!

Eis a poesia. Amém!”

“Não me dupliquem no espírito, nem me reproduzam na forma. O poeta é o poeta.”

“A inteligência do corpo é tal que não é viável sua explicação.”

quarta-feira, 27 de abril de 2011

DESEJO DOS LOBOS

Os cilíndricos lados
Do corte.
Os cilíndricos lados
Da morte.
Os cilíndricos lados
Da sorte...
Todos luzir vão nos ângulos
E ecoar suas substâncias, e sê-los
— De outras matérias escoar
Os mesmos.

O lobo das várzeas de tristeza,
No lodo
D'outro mundo, ferido de beleza,
Copula,
Tecendo com leveza de clareza,
Na xepa,
Anêmico de canônica pureza
— Da fonte, ele é a cede que se oculta
Em cada maldito.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

DA ARTE POÉTICA ?

Não-linear fonte trebada
Surta de envenenada abstração,
Querendo sair do limbo,
Enquanto o maldito toca um blues,
No silêncio de um mundo outro
É difícil saber quem ao outro
Suplicou. Um subjacente desejo de
Trocar os destinos ?
Indagam-se: “Quem é este?”
“ Quem é esta?” e continuam:
“ Será essa que por instantes serei?”
“ É por este que eu devo me trocar?”
Entreolham-se, analisam-se, e, enfim,
Enamoram-se das novas mascaras,
Que ardem sobre conteúdo púrpura.
 Um cumprimento do poema e vive o poeta ?

terça-feira, 5 de abril de 2011

DE NOSSAS MENTIRAS

Nosso achado na pólvora,
                      E o conforto do poder, logo ao nariz...
Depois veio Robespierre,
                      E deu um devido motivo ao fim da magia...
Deu inicio aos campos de almas,
                      Pois o corpo não encontrava necessidades...
A sala esta cheia de cérebros
                      Fedendo... E obesa de circuitos e dados e fardos...
Sentamos agora em cadeiras,
                      Tronos elétricos com botões nas mães eleitas...
E logo em seguida para a evolução,
                      Desabrochou como um lótus infernal,
As sonâmbulas suásticas, burras-loiras,
                      Pois cuspiram Zaratustra pensando em Nietzsche,
Quando, ao buscar a virtude, não via mesma flor...
                       À frente Hitler e sua manada de fracos,
Foram surpreendidos incendiando
                      Os livros que trucidariam a verdade de medo ariano...
E então veio luz “ divino-cristã”,
                      Cristalizando aoutocompaixão e vitimização,
[cenário ideal] nas profecias !

segunda-feira, 4 de abril de 2011




Do visionário desaguou-se outro berço.
Calem-se! 
O infortúnio do presídio das criaturas arriou-se...
                  As personas,
                                      os magos,
                    os delírios...
Todos metamorfoseiam as brechas, as fendas
Da visão!
                  A máquina circulatória de impressões
Violentas e fugidias,
                                    Vivas como nunca dantes...
Ferveram todos os grilhões da forma... E agora...
Volvemos as cismas...
                                   Os malditos pórticos incitam,
Chamuscam, implicam...
               Ao devir, nas vidraçarias dos aquiescentes...
Sugerindo logotipos...
                                        Guias...
                                                      Estigmas...
                                                                         Imagens...
                                                         ...Vultos
                               ...Fantasmas
  ...Vertigens
Fantoches de palha e areia não elevam mais seus
                                                   Castelos metafísicos.
Agora é o vento quem surra, ele destina e torce
A medida do fogo...



[A ao menino-poeta-doente da rua dos cataventos]

             

                                                      Queridos comparsas desta fugidia condição imortal...
Mentes,
                           Vozes,
                                            Ideais,
                                                         Visões,
                                                                      Conflitos...
― Voltemos as nossas divagações!

DO DESEJO DO ACASO


O teu poema
de minha face
não tem mais
o orvalhado,
e a seiva de teu
olor,
evolou... foi-se!

O fleche de teu
frontispício nítido,
tornou-se
disforme, ao
ao configurar-se
com o metal encerado
de um veículo
insciente.
Tuas estilísticas e maneios...
Eram todos... [Opala azul]
Por que tu foges
em outras vidas,
surtindo em mim
mais um vagido
de maldita maldição?

Teus ruivos... Dançam...
eu tropeço e canto, só.
Larguei as antigas condições
de meu estado inconsciente,
em vista de umas praticas ausentes...

Só vazio... Na caverna de imagens...
A indiferença rebola... Rebola...
E embola a sorte de minha estrela− E
como pouco faz!